17.7.18

Ciclo vicioso dos desejos ressuscitados

“Estou com saudade de ter encontros de verdade. Daqueles em que você se arruma, revirando o guarda-roupa à procura da roupa perfeita, que escolhe com cuidado o perfume que vai usar e onde cada pequeno detalhe, como um brinco ou relógio, pode fazer diferença.”

Escrevi isso há oito anos, em um blog antigo, mas poderia ter sido hoje ou no mês passado. O sentimento é o mesmo. A saudade continua. Silenciosa, discreta, porém constante.

Eu quero outra vez sair de verdade. Eu quero a sensação de ser tão desejada que seja impossível segurar a pressa do corpo. Eu quero ser interessante para alguém. 

Eu quero esquecer as horas e dormir tarde porque a conversa estava boa. Eu quero me atrasar tomando um banho demorado, ficando com cheiro de framboesa e escolhendo a calcinha que vai ser tirada.

Eu quero ser lembrada no bom dia, no boa noite e no tédio do domingo. Eu quero fazer parte de uma rotina e entrar numa vida. Escutar as coisas boas e ajudar a carregar os problemas. 

Eu quero uma mão para segurar e apertar forte cada vez que sentir medo de alguém na rua. Eu quero ser notada nas minhas manias e detalhes. No meu jeito atrapalhado.

Estar sempre sozinha é algo que começou a me incomodar e não sei precisar em qual momento. Talvez quando eu te olhei com outros olhos, me lembrando que sim, era bom estar com alguém, e despertei o que estava esquecido no meu coração. Por baixo de traumas e medos.

Eu quero tudo isso de novo.

Eu quero me envolver, me deixar levar, sentir as borboletas amarelas de Amaranta Úrsula dançando no meu estômago. Eu quero me apaixonar, me entregar por inteira, sem culpas ou desculpas, mesmo sabendo que meu coração pode quebrar.

E se ele quebrar, aprendi que sou forte e posso sobreviver.