17.10.17

Notas atrasadas #3

* Em setembro fiz minha primeira viagem longa depois dos meus problemas com depressão/ansiedade/pânico. Não estava animada para gastar o que não podia, para enfrentar horas de céu e estrada, para ficar tão longe da minha zona de conforto. Mas valeu a pena? Sim, muito! Venci o medo, a ansiedade, fiz centenas de fotos, comprei umas coisas bacanas, respirei cultura e me diverti.

* Antes de viajar desejei que algo bom acontecesse e me surpreendesse. O que aconteceu? Ganhei um amigo sincero, com quem gosto de conversar, pois os assuntos fluem tranquilamente e fico com aquela sensação de que nos conhecemos há muito tempo.

* Eu havia anotado três desejos para este ano. Estamos no meio de outubro e consegui realizar dois deles. Espero que não demore muito para chegar o dia em que poderei compartilhar as três coisas que escrevi.

* Comprei mais três suculentas para a coleção. Ou seja, colecionar suculentas é um caminho sem volta e nos deixa pobres.

* Finalmente entrei numa academia, depois de quatro anos de sedentarismo. Chego morta de cansaço em casa? Sim, todos os dias. Mas tenho dormido muito bem depois disso e meu condicionamento físico melhorou absurdamente.

* Apesar dos avanços, o pão na minha vida ainda é tipo aquele cara para quem a gente arrasta uma asinha de vez em quando, mesmo sabendo que não presta.

* Continuo num ritmo devagar de leituras, mas sempre lendo um pouquinho antes de dormir. Terminei “Depois do funeral”, mais um livro da Agatha Christie, minha musa do policial, e sigo lendo “Sob a redoma”, do Stephen King. Não faço ideia de quando chegarei no final do livro, pois segundo o Lev, estou em 15% ainda.

* Cheguei aos trinta anos. Não teve festa, não teve bolo, não teve presente, pois ganhei tudo antecipado, mas gostei dos abraços recebidos e da tranquilidade do dia. Foi um aniversário feliz


1.10.17

Na contagem para os trinta

Às vezes encontro uns textos bonitinhos falando sobre a chegada dos trinta anos. Alguns trazem uma lista de coisas para fazer, outros dão conselhos para não surtar, há os que mostram as vantagens de se estar na casa dos trinta e os que mostram a diferença entre as expectativas que a gente criava na nossa cabeça durante a infância e a “dureza” da realidade.

Enquanto criança, ao contrário da maioria das meninas que brincavam comigo, nunca me imaginei com marido e filhos. Nem fazendo algo fora do comum. Nunca tive esse tipo de cobrança sonhadora para o futuro. Nas poucas vezes que eu pensava na vida adulta, me via como uma funcionária pública trabalhando no mesmo local que a minha mãe, com o cabelo solto e comprido e usando batom.

Ainda não estou na casa dos trinta, apenas pertinho o bastante para que minha única grande preocupação seja conseguir, realmente, me tornar funcionária pública. Conseguir uma estabilidade financeira para ajudar minha mãe, ter um cantinho para decorar do meu jeito, poder conhecer outros lugares. Seria ótimo se eu tivesse conquistado essas coisas aos vinte e poucos anos, mas aprendi que cada um tem o seu tempo.

Perto dos 30, ainda existe aquela chatice de relógio biológico e prazo de validade, que algumas pessoas gostam de enfatizar, mas não estar casada e não ter filhos não é o fim do mundo. Nada contra quem achou cedo sua metade e vive feliz debaixo do mesmo teto, rodeado de crianças pequenas e alegres cachorros adotados. O que me interessa, no momento, é conquistar minha independência financeira, ter um relacionamento honesto com alguém que não me pressione dia e noite para ter um filho, ter liberdade para não precisar de permissão até para comprar um liquidificador.

Faltando poucos dias para trintar, sei que não conquistei bens materiais ou uma carreira de sucesso. Não estou casada, não comprei um caro zero km, moro com os meus pais de novo, nunca fiz uma viagem internacional, não tenho namorado nem vida social. Ou seja, não sou um exemplo para gerar inveja entre ex-colegas. Mas de uma coisa tenho certeza: perto dos 30 aprendi a me amar, a me valorizar, a tentar viver em paz. O resto acontece na hora certa.