9.12.18

Da vida que acontece e o que não posso controlar

Eu sumi. Após uma decepção amorosa e o resultado das eleições, senti que eu precisava desconectar um pouco, tentar fechar os olhos para as coisas que não posso controlar, descansar a mente e organizar meus sentimentos.

Passei a evitar o celular durante a noite, testei uma nova rotina para dormir, me entreguei com prazer às leituras e caí nas graças de Elena Ferrante – com atraso, admito, mas estava desconfiada de que fosse outra cilada editorial.

Me questionei bastante, ponderei sobre o futuro, senti a necessidade de um plano b, pus a mão na cabeça e me perguntei, admitindo minhas derrotas internas: “e agora?”.

Em breve, terei que seguir rumos que não me são agradáveis. Terei que caminhar um pouco mais, e por lugares tortuosos, para enfim chegar onde quero. E garanto que não tem sido fácil para a minha cabeça aceitar essas mudanças bruscas, como se pode ver neste texto confuso.

Resumindo. Moral da história. Novamente aquele velho conceito de dar um passo para trás, e então conseguir dois para frente.

10.10.18

Do meu jardim, que molda e se amolda

Tenho pensado em flores, em podas, em florescer e reflorescer. Tenho me refugiado na ideia de que murchei, perdi minhas folhas e, no silêncio dos dias de saudade e coração apertado, uma parte de mim segue se regenerando para crescer com força e romper novos botões.

Tenho pensado em coisas que antes pareciam fazer sentido e hoje vejo que eram bobagens, uma fuga de foco e prioridade. Tenho pensado em como me deixei reduzir a características tão banais, tentando me encaixar em espaços que, no fundo, não cabiam na minha essência.

Tenho pensado em como às vezes me sinto inferior, desmerecedora e sem nada para oferecer. Tenho pensado em que tipo de mulher pareço ser e que tipo serei daqui a alguns anos. Tenho pensado no que estou fazendo da vida e no quanto me assusta cair numa existência banal, seguindo um padrão pré-definido de satisfação.

Tenho pensado, pensado e pensado. Tenho pensado em tantas coisas porque o tempo está passando, em breve terei 31 anos, em poucos meses se finda mais um ano, e eu continuo aqui, no mesmo lugar. Enquanto meu jardim, antes tão pequeno e cômodo, está começando a ficar sufocado pelas paredes do limite, querendo se espalhar feito selva, derramando seus galhos, folhas e flores numa força tão grande, que seja impossível parar.

6.9.18

Dos fins

“Onde não puderes amar, não te demores”


Essa frase me incomodava desde maio, quando a encontrei estampando um quadro numa loja de presentes. No fundo eu sabia o que ela significava, mas abafei os conselhos da minha intuição e continuei insistindo.

Meu coração podia quebrar, eu estava ciente dos riscos que se apaixonar traz consigo. Nem toda paixão é bem-sucedida, por mais que nos esforcemos. Algumas, se bem soubessem, nem se atreveriam a existir. Por isso, quando senti que estava me diminuindo para caber na vida de alguém, me despedi e parti, antes que meus sentimentos aumentassem e virassem um amontoado de expectativas quebradas.

Esquecer alguém importante não é simples. A saudade aperta. As memórias perturbam. A alma fica meio silenciosa. Mas estou orgulhosa da mulher que estou me tornando. Uma que sofreu tanto que não se contenta mais com um meio amor.

17.7.18

Ciclo vicioso dos desejos ressuscitados

“Estou com saudade de ter encontros de verdade. Daqueles em que você se arruma, revirando o guarda-roupa à procura da roupa perfeita, que escolhe com cuidado o perfume que vai usar e onde cada pequeno detalhe, como um brinco ou relógio, pode fazer diferença.”

Escrevi isso há oito anos, em um blog antigo, mas poderia ter sido hoje ou no mês passado. O sentimento é o mesmo. A saudade continua. Silenciosa, discreta, porém constante.

Eu quero outra vez sair de verdade. Eu quero a sensação de ser tão desejada que seja impossível segurar a pressa do corpo. Eu quero ser interessante para alguém. 

Eu quero esquecer as horas e dormir tarde porque a conversa estava boa. Eu quero me atrasar tomando um banho demorado, ficando com cheiro de framboesa e escolhendo a calcinha que vai ser tirada.

Eu quero ser lembrada no bom dia, no boa noite e no tédio do domingo. Eu quero fazer parte de uma rotina e entrar numa vida. Escutar as coisas boas e ajudar a carregar os problemas. 

Eu quero uma mão para segurar e apertar forte cada vez que sentir medo de alguém na rua. Eu quero ser notada nas minhas manias e detalhes. No meu jeito atrapalhado.

Estar sempre sozinha é algo que começou a me incomodar e não sei precisar em qual momento. Talvez quando eu te olhei com outros olhos, me lembrando que sim, era bom estar com alguém, e despertei o que estava esquecido no meu coração. Por baixo de traumas e medos.

Eu quero tudo isso de novo.

Eu quero me envolver, me deixar levar, sentir as borboletas amarelas de Amaranta Úrsula dançando no meu estômago. Eu quero me apaixonar, me entregar por inteira, sem culpas ou desculpas, mesmo sabendo que meu coração pode quebrar.

E se ele quebrar, aprendi que sou forte e posso sobreviver.

23.5.18

Diferenças contornáveis

Quando eu era mais nova, ficava me perguntando se um dia iria me juntar com alguém que compartilhasse os mesmos gostos pessoais. Alguém que fosse uma espécie de cópia minha e se encaixasse num questionário de similaridades. Infelizmente, como nada é simples nesta vida, na primeira vez que isso aconteceu, convivi com um cara que, por exemplo, não tinha paciência para livros e livrarias, tampouco gostava que eu lesse enquanto ele estivesse em casa. Para mim, que não esperava um rompimento tão grande com as coisas que faziam parte da minha identidade, o tempo que durou essa relação foi um período de renúncias forçadas.

Hoje em dia, com espaço para ler quando eu quero, percebo o quanto é importante dividir a vida com alguém que seja parecido comigo, mas também percebo que esse é um conceito limitado. 

Veja bem, eu adoraria estar com alguém que me acompanhasse nas leituras ou que soubesse o nome dos meus escritores favoritos, mas me conformo com alguém que entenda que livros fazem parte de quem sou desde sempre. Também amaria dividir um café fresco ou experimentar um sabor diferente, mas me conformo com alguém que compreenda que preciso de cafeína para viver.

Não sei se cansei ou se evolui mentalmente, o fato é que parei de limitar meu envolvimento com as pessoas por causa de diferenças bobas.

Não faço mais questão de sair apenas com alguém que goste filmes de arte e séries europeias ou que entenda de enquadramentos, câmeras e tipos de lentes. Nem que entenda de gastronomia, nem de blogs, nem de plantar suculentas, nem de organização. Existem coisas que amo, mas que os outros não precisam amar de volta. Só precisam respeitar, assim como tenho que respeitar os interesses deles. 

Certa vez namorei um cara que achava que livros demais era bobagem. Por ele, era melhor que eu desse ou vendesse todo os meus livros já lidos. Eu achava que sofrer por um time e assistir todos os jogos era uma puta bobagem. Para ele, era algo importante. 

As pessoas costumam dizer que os opostos se atraem, no entanto, acredito que isso só funcione bem com os elétrons. Viver com alguém completamente diferente não funciona. É desgastante, frustrante, solitário – principalmente para o lado que está sempre cedendo e abrindo mão das coisas que gosta por causa do outro. 

A questão é: existem diferenças que são contornáveis. Eu não dispensaria uma pessoa por ela ter um gosto musical diferente ou por ela não gostar de comida japonesa. Por ela gostar de filmes de comédia ou preferir dormir até tarde. Eu dispensaria se ela tivesse um estilo de vida incompatível com o meu. Se nossos desejos para o futuro fossem opostos. Se eu precisasse me anular para me encaixar no mundo dela. 

O resto é aprendizado. E a oportunidade de ser surpreendida por alguém que, num primeiro momento, não parecia interessante. 

28.3.18

Eita

Que os dias têm sido atropelados. Que a rotina tem mudado e desmudado. Que me sinto sem tempo, desorganizada, precisando de uns instantes para cuidar de mim. 

Há dias uma pilha de papéis vagueia sobre a minha mesa, mudando de lugar conforme a necessidade. Da mesa para a cadeira, da cadeira para a cama, da cama para a mesa. 

Tenho perdido a hora de dormir. Tenho estragado as unhas. Tenho chegado tarde na academia. Tenho esquecido de hidratar o cabelo. Tenho acumulado matérias atrasadas e questões para responder. 

Minha caixa de entrada transborda. Minhas séries estão atrasadas. Meus resumos precisam ser passados a limpo. Meu sono não é suficiente. Leio três livros ao mesmo tempo e não termino nenhum.

No entanto, no meio de tanta bagunça, me esbarrei com a vontade de querer me permitir. 

Me permitir experimentar algo que nunca imaginei antes. Me permitir mais um passo fora da curva. Me permitir me envolver. E, principalmente, me permitir deixar você entrar na minha vida, seja lá por quanto tempo for.

A porta está aberta.

21.1.18

Oi, turu bom?

Mais de vinte dias depois e eu ainda não escrevi sobre o ano que passou. Na verdade, não fiz muitas coisas desde que troquei meu calendário e agenda. Quer dizer, mentira. Não foram coisas maravilhosas como viajar e ficar de bobeira na praia, mas limpei meu armário de livros, fiz uma faxina no guarda-roupa, consultei uma nutricionista e finalmente montei um plano de estudos.

Sobre 2017: não acho que tenha sido um ano incrível, tampouco ruim. Foi cansativo, tive momentos de estresse, passei muito tempo com o meu sobrinho, minha ansiedade ficou mais controlada, consegui viajar, fiz minha primeira tatuagem, pintei o cabelo, (infelizmente) estudei muito pouco, (porém) fotografei bastante, voltei para o instagram, conheci pessoas, comecei a frequentar uma academia e li o suficiente para me sentir satisfeita. 

O que quero para 2018? Reclamar menos e fazer mais, ser mais focada, continuar me reinventando.