30.1.12

Acaso interesse

Minha vida nunca esteve em suas mãos, e muito menos minha felicidade. Mas me dói saber que não tenho mais o direito de dividir meus dias e minhas pequenas alegrias. Ou minhas preocupações e infortúnios, já que a vida nem sempre é cercada de flores.

Me dói saber que nunca mais chegarão mensagens de madrugada. Nem em qualquer outro horário. Tampouco chegarão recados, e-mails ou ligações inesperadas. Me dói ter que me despedir de algo assim, retirado às pressas e ao acaso, sem direito a protestos ou qualquer tentativa de luta.

Também me dói nunca mais partilhar e não ter o que esperar. Pouco me importa agora os dias que correm na folhinha. Não terei mais o prazer de sentar no sofá e quase enfartar, enquanto espero a campainha tocar e ver você em minha porta, depois de longas semanas de ausência. Nem que poderei ouvir sua voz em meu ouvido, suas canções no violão ou decifrar seus demônios vomitados em textos. Ou, ainda, que se encerraram as discussões antro-socio-psicológicas e as brincadeiras pelo messenger.

Me dói saber que nunca mais o sentirei entre minhas coxas, nem entre meus lábios, ardente e amável, nem que poderei mostrar-te as calcinhas que, maliciosamente, escolhi para noites especiais. Da mesma maneira, me dói não dividir o vinho e o queijo. O ingresso do cinema e o hambúrguer. O pedaço do travesseiro e o espaço em sua cama. Me dói ainda saber que não haverá esperas no terminal de ônibus, caminhadas de mãos dadas, nem beijos de boa-noite.

Saiba que me dói a certeza de que os domingos perderam parte da graça e que as corridas de táxi, principalmente aquelas às três da manhã, são apenas um detalhe distante. Me dói, do mesmo modo, as doses de culpa, ao me questionar se deveria ter sido sincera. Se deveria ter dito alguma vez o que se passava em minha alma, sempre tão desconfiada, ou se nada disso faria diferença, afinal.

Me dói tanta coisa, que prefiro silenciar. E aceitar o destino funesto do ‘nós’ desfeito.

Um comentário:

  1. "Me dói tanta coisa, que prefiro silenciar. E aceitar o destino funesto do ‘nós’ desfeito."

    Será que estamos passando pela mesma situação? rs :( Enfim, amei teu texto e sempre venho ao seu blog. Bjs.
    Tomara que tudo no final dê certo.

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Oi, tudo bem? :)