Existe uma cena na minissérie Maid que representa bem como venho me sentindo ao longo deste ano. A personagem Alex está com o olhar vazio, sentada num sofá, enquanto a vida acontece ao seu redor. Cada vez mais ela vai se afundando, até que acaba sendo engolida pelo sofá e se torna parte dele.
Do ano passado para cá, as coisas mudaram na minha família numa velocidade tão grande que não houve tempo para processá-las. De repente meus avós se tornaram incapazes de morar sozinhos. Minha mãe teve que se dividir entre nossa casa e a deles. Depois minha tia e o marido, e no fim, o cansaço do cuidar começou a sufocar.
Ficamos todos estagnados, com a vida bagunçada, sem conseguir fazer nada. Começaram os atritos. As expressões insatisfeitas. As reclamações constantes. O desgaste da mente.
Parei no tempo. Perdi a vontade de encontrar amigos ou conhecer pessoas. Me sinto sempre cansada. Recuso os convites que aparecem. Sigo numa rotina sem rotina fazendo o possível com a energia que tenho. Sabe quando o carro está com a embreagem pesada e você continua forçando? Sou eu.
E cansada que estou, pelo menos hoje queria ficar aqui sentada no meu sofá, esperando uma mão gentil que me puxe para levantar.