No silêncio soporífero do apartamento, ela levantou e foi até o terraço. Ficou alguns minutos imóvel, observando o céu; depois voltou para a sala, deitou no sofá e se entregou ao tédio.
- Posso? – perguntou ele.
Ela fechou os olhos, suspirou e olhou para ele com uns lindos olhos de admiração e paixão e disse sim.
Aquela havia sido a primeira vez que ele se dirigira a ela. Moravam no mesmo prédio há anos. Quase sempre pegavam o mesmo elevador ou se batiam na portaria. Mas, naquele dia, ele a tinha enxergado de fato.
- Posso? – perguntou ele.
Ela fechou os olhos, suspirou e olhou para ele com uns lindos olhos de admiração e paixão e disse sim.
Aquela havia sido a primeira vez que ele se dirigira a ela. Moravam no mesmo prédio há anos. Quase sempre pegavam o mesmo elevador ou se batiam na portaria. Mas, naquele dia, ele a tinha enxergado de fato.
A sua admiração e submissão por ele era tão estupidamente intensa, que suportou aquele cubículo fechado e enfumaçado por todos aqueles andares, até finalmente ele sair e carregar consigo o seu vício.
Por dias continuou a pensar no ocorrido e por várias vezes sentiu uma vontade louca de retroceder os andares e bater na porta daquele que tanto a atormentava.
Numa segunda qualquer, lembrou que precisava ir à livraria pegar um livro que havia encomendado semanas atrás. Apertou o botão do elevador e ficou esperando.
E se ela fosse até lá e se declarasse para ele? Talvez ele se interessasse por ela também... Ou, na pior das hipóteses, fecharia a porta à sua frente sob fortes risos... “Não. Era melhor desistir... ou esperar se bater com ele alguma outra vez...”, pensava ela, enquanto esperava o elevador.
Na metade do caminho, entre o sexto e o oitavo andar, o elevador parou. A porta abriu-se e surgiu um rapaz carregado de caixas.
- Oh, desculpe... é que estou me mudando.
Espremida no canto esquerdo, sentiu as pernas amolecerem e o coração desfalecer.
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