20.11.09

Os dois

Enquanto lia Bukowski, ela lembrou dele. Por uma frase tão simples. Por uma palavra tão pequena. Chuva.

Ela tinha dezessete. Ele quinze. O parque estava quase fechando e os dois caminhavam de mãos dadas, por entre as árvores e arbustos, procurando a saída mais longa.

Mas a chuva começava a cair, e os dois resolveram esconder-se embaixo dos galhos de um cajueiro. As folhas verdes, meio comidas pelas lagartas, alguns cajus vermelhos pendurados, e os dois abraçados, para diminuir o frio que vinha com a chuva fina.

Até que ela teve a idéia e correu para a chuva. Ele, meio assustado e preocupado, a seguiu. E então ela matou sua fantasia.

A pele dele molhada, a boca vermelha e grossa, temperada pelos pingos que caíam, e o corpo tão bom e tão forte. Ela tinha que ficar na ponta dos pés para alcançá-lo. E entregava-se aos lábios e às mãos dele.

Já não pensava em nada, se não fosse o guarda saído de não se sabe onde, avisando que o parque estava fechado. E eles precisavam ir embora.

12 comentários:

  1. banho de chuva tem assim esses ares românticos idealizados...

    ResponderExcluir
  2. Dalton Trevisan diria: Hum... Mais uma discípula...

    ResponderExcluir
  3. ouch.
    esse guarda nunca se apaixonou, não?

    ResponderExcluir
  4. Que lindo texto. Lembrou-me Bella e Jacob, por causa das características. Perfeito :)

    ResponderExcluir
  5. Ainda tenho essa fantasia pra matar com meu garoto quase homem de 16 anos.

    Gostei daqui :}

    ResponderExcluir
  6. henry chinasky deve ter ficado muito puto com este guarda

    ResponderExcluir
  7. Um dia ainda beijo na chuva!
    heheh

    ResponderExcluir
  8. Beijo na chuva? Own
    Um dia - quando o meu acontecer - eu conto, lá no Sons de Riso.

    Beijos mil

    ResponderExcluir
  9. Oh céus, e deu uma saudade do meu amor.
    Bonito o texto, uma pena o guarda ter aparecido. Chato!

    Ainda tenho essa fantasia. Um dia, quem sabe.

    Beijo, moça.
    Ps. Linkando xD

    ResponderExcluir

Oi, tudo bem? :)