Aceita um petisco?

Na falta de textos e tempo para escrevê-los, deixo aqui uma prévia do meu atual projeto: um livro que estou tentando terminar, para participar de um edital para publicação de obras literárias.

* * *

Acordei, tentei abrir os olhos, mas não conseguia. Toda aquela claridade incomodava e minha cabeça parecia que ia estourar a qualquer momento. Continuei com os olhos fechados, tentando lembrar da noite anterior, mas só via imagens embaralhadas, pedaços de rostos e vagos espaços de tempo.

Eu sei que tinha ido a um bar com o John e alguns amigos dele; e que tinha bebido um pouco a mais. Depois, nós tínhamos ido para a casa de alguém que nos deu um narguilé premiado. E eu sei que tinha um cara lá meio esquisito que ficou a noite toda me olhando e dizendo umas bobagens...

Apertei os olhos, tentando lembrar de mais alguma coisa. Nada. A cabeça continuava doendo, o quarto rodando e uma baita vontade de vomitar. A melhor coisa era levantar e tomar um banho frio. Mas, quando comecei a sair da cama, percebi que estava sem roupas. Olhei para o chão para ver se as encontrava. Talvez eu tivesse vomitado por aí e o ser bondoso que me levou para casa tirou as minhas roupas sujas. Foi aí que vi umas coisas esquisitas penduradas na cabeceira da cama. Apertei mais ainda os olhos, para tentar enxergar melhor, e descobri minha calcinha, uma meia-calça e uma algema pendurada. Uma algema?! Peraí, mas eu não tenho nenhuma algema!

Nessa hora, a porta do quarto se abriu e um ruivo barbudo entrou usando uma cueca verde. Pensei em pôr a cara na janela e começar a gritar pedindo socorro, mas ele trazia uma xícara de café, e apontou em minha direção.

- E aí, gata? Dormiu bem? Trouxe isso para você acordar.

Então, de repente, numa grande golfada de vômito lembrei de tudo o que havia acontecido na noite passada.