Nada com nada

Tenho um problema com datas simbólicas. Principalmente o meu aniversário e o ano novo. Na primeira, sempre desejo uma noite perfeita de sexo. E no ano novo, qualquer coisa envolvendo companhia, beijos tórridos e festas de arromba. Mas nem preciso dizer que tudo isso é uma utopia, né?

Não importa a data, é a mesma coisa: o buraco na alma e um sentimentalismo de dar dó. Por falar nisso, nem quando estava namorando tive melhor sorte. Acho até que foi uma das viradas de ano mais sem graça que já tive. E um dos aniversários mais fail e decepcionantes. Até o ano em que adoeci e fui surpreendida com um bolo de chocolate, me pareceu melhor.

Quanto ao ano novo, já cometi a insanidade de beijar a cara feia do Dostoiévski na capa de Recordações da Casa dos Mortos. Período difícil e as coisas na universidade não estavam ajudando, acho que uma atitude dessas é compreensível, ahm?

Mas esse ano... sei lá o que esperar. Quero apenas sobreviver ao andamento dos ponteiros, deixar minha ficha cair e ir atrás de tudo que abdiquei ao longo desses meses. Talvez assim eu dê o troco silencioso para cada noite perdida, para cada peça que o destino tentou pregar, para cada amor fracassado e para tudo o que suportei, entre minhas crises de enxaqueca e o medo de arriscar o que eu não tinha a perder.