4.9.16

Livros, coisas que fazemos e gratidão

Quando eu recebi minha primeira solicitação de troca de livros, me esforcei para enviar rapidamente o que a pessoa tinha pedido. Também fiz questão de escrever um recado para avisar que havia postado e informei o código de rastreio. Enquanto isso, dias se passaram, a pessoa continuou atualizando o perfil dela, não avisou que já tinha recebido a encomenda e tampouco me deu satisfações sobre o livro que iria me enviar em troca. 

Um mês se passou desde que a pessoa entrou em contato dizendo que precisava muito do livro que eu tinha disponível e até hoje não recebi código, nem desculpas esfarrapadas, nem nada. Gastei dinheiro para enviar o livro, perdi tempo de estudo indo na agência e a pessoa não deixa uma mísera mensagem. Nem de agradecimento.

Desta vez foi só uma troca de livros. Mas quantas vezes fazemos coisas pelo outro e não recebemos nada em troca? Quantas vezes fazemos trabalho extra para o chefe, perdemos noite fazendo sozinhos o trabalho de faculdade que deveria ser em dupla, vamos a lugares que não gostamos só para agradar, limpamos a bagunça que não fizemos, desistimos de algo para satisfazer ao outro, doamos nosso tempo, resolvemos problemas, fazemos sacrifícios e não recebemos nenhuma palavra de agradecimento?

É por isso que tenho me policiado a dizer “obrigada” mais vezes. Mesmo por gestos simples, como de manhã, quando minha mãe vai na padaria no meu lugar e traz o pão que eu gosto. Ou quando meu avô vai no supermercado e traz uma barra de chocolate para mim. 

Talvez a pessoa para quem enviei o livro seja um pouco distraída, ou não tenha o costume de agradecer ou esteja com a cabeça tão cheia de problemas que acabou esquecendo. Mas se há algo que essa vida tem me ensinado, é que devemos aprender a ser mais gratos. Não importa se é por algo bobo como um lugar vazio no ônibus, por algo gentil como um elogio, por algo gostoso como uma xícara de café fresquinho, por algo tão bom quanto ganhar de presente aquilo que desejamos ou por algo tão incrível como acordar respirando todos os dias.

2 comentários:

  1. amei esse texto, Larisssa. concordo totalmente com você. esses tempos multipliquei meus bom dias, tardes e noites, obrigadas, por favores, etc. com simpatia, não com desdém, também tem isso. tem gente que por obrigação fala tudo isso mas de cara fechada ou sem vontade. ou fala por favor mas não agradece. eu fico meio nervosa com isso ahahha mas compreendo que às vezes o dia é difícil. mas se formos pensar que sempre somos parte da vida de qualquer pessoa, mesmo que por um minuto, uma passada na rua, temos que ser gentis sim. mesmo que a ação do outro "não seja mais que sua obrigação". se me falam essa frase, eu automaticamente faço as coisas na má fé, ou não faço. pode parecer - e é - pirraça, mas sabe. mesmo se é minha obrigação, agradecimento é a melhor forma de incentivo, e não um coice, não somos equinos.
    vou indicar esse texto algum dia, é precioso.

    beijão!

    Helen
    um velho mundo

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  2. Oi, Helen! Uma palavra gentil ou um gesto de educação pode mudar o dia da outra pessoa. Às vezes é difícil pra gente lembrar e agradecer no meio da correria, tem dias que o mau humor é enorme, mas como tudo é uma questão de praticar, tô tentando agradecer sempre que possível.

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Oi, tudo bem? :)