- Muito bem... quem é o próximo? – perguntou o delegado, para o seu assistente.
- É uma mulher dizendo que o marido sumiu...
- Bom... – disse o delegado, com a voz cansada – Mande entrar então.
O assistente do delegado saiu da sala e minutos depois, voltou com uma mulher loira.
- Meu marido sumiu, senhor...
- Certo... – falou o delegado, ajeitando-se na cadeira. – Sente-se, por favor.
- Obrigada.
- Então, quando foi a última vez que o viu?
- Há uns três dias...
UM MÊS ANTES...
A sala estava escura, como sempre. Iluminada apenas pelo fogo na lareira. Ele entrou. Um homem gordo e alto, com uma aparência quase repugnante, estava sentado numa poltrona vermelha. Segurava alguns papéis e dava longas baforadas em seu charuto. O homem que acabara de entrar se aproximou e sentou na cadeira ao lado.
- É esse... – disse o gordo, entregando os papéis. - Quero que o procure.
- Alguma coisa mais?
- Só isso mesmo... Espero que tenha cuidado, há um outro parecido com ele. Não quero erros.
- Está bem senhor. Com licença...
DIA ATUAL...
O delegado endireitou-se outra vez na cadeira. Estava cansado. Seu expediente estava perto de terminar e ele ansiava por voltar para casa. Um dia inteiro trabalhando na delegacia, cuidando de roubos e assassinatos, e agora aquela mulher... Certamente aquilo devia ser mais um daqueles casos em que o marido sai para comprar cigarros e nunca mais volta.
- A senhora sabe se seu marido tinha inimigos? Alguma briga recente?...
- Não... Ele sempre foi um bom marido e um ótimo pai. Todos gostavam dele.
TRÊS SEMANAS ANTES...
O homem no outro lado da mesa estava descontrolado. Era uma mistura de desespero e medo. Aquilo não podia ter acontecido... Não podia!
- O que você foi fazer?! – perguntou o homem.
- Eu achava que era ele!
- Eu disse pra tomar cuidado! Eu disse que não queria erros!
- Eu não tenho culpa! Os dois eram parecidos!
Pausa. O homem ficou sério; parecia pensar.
- Se eu fosse você, eu iria embora daqui. É a melhor coisa que você tem a fazer. Pegue suas coisas e fuja pra bem longe daqui... Eles não vão te deixar em paz.
- Isso é exagero seu...
- Eu estou falando sério! Você não sabe no que se meteu...
DIA ATUAL...
- Alô? Sim... É ela. Claro... Hoje à tarde? Tudo bem. Obrigada.
Depois de desligar o telefone, ela desabou no sofá. Há dias não dormia. Estava cansada, abatida e confusa. Onde estaria Cloud? Por que ele iria sumir?
DUAS SEMANAS ANTES...
- Alô? Eu gostaria de falar com a Sarah...
- Desculpe, não há nenhuma Sarah aqui.
- Desculpe pelo engano.
No instante em que ia desligar o telefone, percebeu que a mulher voltara a falar.
- Ahm... Sabia que você tem uma voz bonita? Tão sexy...
- É? – perguntou ele, surpreso e desconcertado. – Ahm... Obrigado...
- Sim... Sabe o que eu imaginei quando ouvi sua voz?
Cloud olhou para os lados. Sua mulher não estava em casa e o bebê estava no berço dormindo. Ele sempre fora um bom marido, um bom pai... Talvez conversar com essa mulher não fosse algo comprometedor... Afinal de contas, não estava traindo ninguém... Ele se endireitou no sofá e continuou a conversa.
- O quê?...
- ...
Meia-hora depois, Cloud estava com a calça aberta, o membro enrijecido e a mente cheia de idéias pervertidas... Quando o tom de voz da mulher mudou subitamente...
- Sei de cada passo que você dá... Sei que você tem uma mulher e um filho... Cuidado. Estamos observando você... – falou a mulher, com uma voz ameaçadora.
- Que brincadeira é essa?
Cloud ouviu um estalido do outro lado da linha. A mulher havia desligado. Olhou para as janelas em frente ao seu apartamento. Não havia ninguém. Olhou para os lados, tudo estava normal. A maioria das janelas estava fechada e não parecia ter alguém o espionando. “Deve ser alguma brincadeira...”, pensou ele.
DIA ATUAL...
- Encontramos um corpo que pela descrição, parece com o do seu marido. Poderia nos acompanhar? – perguntou o delegado.
Saíram da sala e seguiram por um longo corredor. No final havia uma porta. Abriram e desceram a escada entrando logo em seguida em um túnel subterrâneo. O lugar era frio e úmido; e terminava em uma outra porta. O delegado abriu e eles entraram numa sala branca e mórbida.
- É esse o corpo.
O delegado começava a levantar o lençol, quando ela pediu que esperasse.
- Ele tinha uma tatuagem e uma cicatriz em forma de meia-lua na perna esquerda.
Ela se aproximou e levantou o lençol, deixando a perna do cadáver à mostra.
- Não. Não é ele.
- Bom, então queira me acompanhar, por favor. Tenho mais algumas perguntas para fazer...
TRÊS DIAS ANTES...
As ruas de Melnyth estavam escuras e desertas, o chão molhado e o ar ainda fresco por causa da chuva. Cloud andava apressado e atento. Conhecia os tipos de pessoas que costumavam andar por ali. Muitas prostitutas, tarados, notívagos e vampiros. As pessoas não os percebiam, mas eles existiam por toda a cidade.
Um gato preto pulou em sua frente, fazendo com que recuasse.
- Merda! – vociferou ele, pisando em uma poça de lama.
O silêncio continuava a reinar, mas havia algo estranho. Continuou a andar e resolveu cortar caminho por um beco escuro. Minutos depois, ouviu um barulho atrás de si. Era apenas um outro gato, que subira em uma lata de lixo.
Estava quase saindo do beco, quando foi surpreendido por passos. Alguém o estava acompanhando. Olhou para trás; apenas a velha escuridão. Apressou mais ainda o passo. Faltava pouco para sair daquele beco mórbido e chegar à avenida principal, quando um vulto negro pulou em sua frente.
Ele recuou. Olhou para os lados, mas só via paredes sujas de limo. Só restava uma coisa a fazer... Mas, ao se virar para correr, um outro vulto parou. Cloud estava cercado.
DIA ATUAL...
- Descobriram alguma coisa? – perguntou ela, entrando na sala.
- Sente-se, por favor.
Susan sentou-se e o delegado a olhou seriamente.
- Seu marido não trabalhava na Ace Wine Corporation.
- Como não?
- Procuramos por Cloud Wheeler e não encontramos ninguém com esse nome.
- Não pode ser! Todos os dias ele saía dizendo que ia trabalhar!
- Pode até ser que ele fosse trabalhar. Mas, não na Ace Wine. Quais eram os horários que seu marido saía de casa?
- Não eram horários muito fixos. Às vezes ele saía pela manhã e voltava à noite, às vezes ele saía de madrugada... Mas quase sempre depois de receber alguma ligação.
- Certo... A senhora tem alguma idéia do por quê dele ter escondido isso?
- Não. Ele sempre foi um pouco misterioso, mas nunca pensei que chegasse a isso.
- Misterioso como?
DOIS DIAS ANTES...
Em algum lugar de Melnyth, Cloud estava preso em uma gaiola suspensa. Há horas gritava desesperado, mas ninguém aparecia. Olhou em volta. Aparentemente era apenas um porão abandonado. Mas havia objetos estranhos espalhados. Inclusive a própria gaiola.
Ele já tinha visto aquilo em algum lugar. Talvez em algum livro, em algum filme, ou talvez... Sim! Foi num museu. Anos atrás, quando viera para Melnyth, visitou o museu da Santa Inquisição. Agora sabia o que eram aquelas coisas esquisitas...
“Mas por que estavam ali? Por que o prenderam ali?”, pensava ele. Mas Cloud estava cansado demais para buscar respostas. Fora surrado antes de ser engaiolado. Seu corpo doía e as feridas ainda sangravam.
- Desgraçados!
DIA ATUAL...
- Descobrimos que seu marido pertence a Vampire’s Hunter, uma sociedade secreta de caçadores de vampiros. Eles são uma espécie de assassinos de aluguel que trabalham para vampiros.
- Isso é uma piada!
- Acha que eu brincaria com a senhora em uma situação dessas? – perguntou o delegado, seriamente.
Susan se recompôs. Estava diante de um delegado. Apesar de ser algo extremamente absurdo, ele não estaria brincando com ela.
- Me desculpe. Mas é que isso é uma tremenda loucura! Parece que eu enlouqueci e nem me dei conta!
- Posso entender a senhora. Mas tem mais. – continuou ele, enquanto mexia-se na cadeira – Nós descobrimos por meio de um amigo do seu marido, que ele matou um vampiro por engano. Por isso, acredito que o sumiço do seu marido seja algum tipo de vingança.
- Meu Deus! – balbuciou a mulher, empalidecendo.
- Seu marido matou o Lord Kroll... por engano.
EM ALGUM LUGAR DE MELNYTH...
Cloud ainda continuava preso na gaiola. Não sabia mais há quanto tempo estava ali. E nem acreditava que pudesse sair dali vivo. Lembrou-se do que ouvira. Realmente, nada era exagero. Ele tinha toda razão, eles não iriam deixá-lo em paz. Estava começando a se desesperar outra vez, quando viu que alguém entrava no porão. Era uma mulher.
- Quem é você? – gritou ele. – Por que me prendeu aqui? O que foi que fiz?
(silêncio)
- Você assassinou meu marido... – disse a mulher, calmamente, enquanto balançava a gaiola – Destruiu o meu clã... Nenhuma dor que você sofrer será suficiente para aplacar a minha...
A mulher parou de falar, e logo depois, três vampiros entraram no porão.
- Quero que ele sofra tanto quanto eu. – ordenou a mulher.
A mulher se retirou. Deixando que os vampiros cumprissem a sua vingança. Naquela noite, o único som ouvido no velho prostíbulo, foram os gritos e urros de dor de Cloud.
* * *
Enquanto andava de um lado para o outro, sua mente parecia em transe. Cloud já estava desaparecido há quase uma semana. O delegado não tinha pistas e ela já não sabia onde procurar. Cada vez mais, perdia as esperanças de conseguir encontrá-lo...
O telefone começou a tocar, fazendo com que voltasse.
- Susan Wheeler? – perguntou alguém, no outro lado da linha.
- Sim, é ela.
- Estamos com o seu marido.
- Cloud! O que fizeram com ele?
- Espero que venha ao Arabian Whorehouse esta noite. Acho que a vida do seu marido é de seu interesse...
O Arabian Whorehouse era um velho prostíbulo desativado que funcionava atualmente como um pub. Na hora marcada, ela chegou. Um rosto apareceu por uma fenda na porta.
- Seu nome?
- Susan Wheeler.
A porta abriu e ela entrou. Subiu uma escada de madeira, que rangia a cada passo que ela dava. Chegou a um grande salão escuro.
- Onde está meu marido? – gritou ela.
As luzes se acenderam e ela pôde ver... Eram mais ou menos uns vinte vampiros, formando um círculo ao redor dela. Todos muito brancos e vestidos de negro.
- Quem são vocês? – perguntou ela, assustada. – O que fizeram com o meu marido?
Todos continuavam calados, olhando para ela. Uma porta se abriu no fundo do salão e de lá surgiu uma mulher. Tinha os cabelos vermelhos e muito compridos, grandes olhos azuis e arrastava um longo vestido preto.
- Sou Lorelei. Sou a mulher do homem que seu marido assassinou.
- Onde está meu marido?
- Seu marido? – perguntou a mulher, passando seus dedos finos e brancos sobre o rosto de Susan - Seu marido é o infame que destruiu nosso clã! Seu marido assassinou nosso mestre!
Lorelei começou a caminhar ao redor do círculo.
- Tragam o infame.
Dois vampiros saíram e voltaram logo depois, arrastando pelo salão o corpo ensangüentado de Cloud.
- Oh! Meu Deus! O que vocês fizeram com ele?
- Apenas o que ele merecia. – respondeu Lorelei, sorrindo.
Ela se ajoelhou ao lado do corpo. Finalmente encontrara seu marido...
* * *
Susan acordou sobressaltada. Estava suada e com o coração acelerado.
- Cloud? – perguntou ela, enquanto tateava a cama, em meio à escuridão do quarto. – É você mesmo?
- Calma... Eu estou aqui. Foi só um pesadelo...
- É uma mulher dizendo que o marido sumiu...
- Bom... – disse o delegado, com a voz cansada – Mande entrar então.
O assistente do delegado saiu da sala e minutos depois, voltou com uma mulher loira.
- Meu marido sumiu, senhor...
- Certo... – falou o delegado, ajeitando-se na cadeira. – Sente-se, por favor.
- Obrigada.
- Então, quando foi a última vez que o viu?
- Há uns três dias...
UM MÊS ANTES...
A sala estava escura, como sempre. Iluminada apenas pelo fogo na lareira. Ele entrou. Um homem gordo e alto, com uma aparência quase repugnante, estava sentado numa poltrona vermelha. Segurava alguns papéis e dava longas baforadas em seu charuto. O homem que acabara de entrar se aproximou e sentou na cadeira ao lado.
- É esse... – disse o gordo, entregando os papéis. - Quero que o procure.
- Alguma coisa mais?
- Só isso mesmo... Espero que tenha cuidado, há um outro parecido com ele. Não quero erros.
- Está bem senhor. Com licença...
DIA ATUAL...
O delegado endireitou-se outra vez na cadeira. Estava cansado. Seu expediente estava perto de terminar e ele ansiava por voltar para casa. Um dia inteiro trabalhando na delegacia, cuidando de roubos e assassinatos, e agora aquela mulher... Certamente aquilo devia ser mais um daqueles casos em que o marido sai para comprar cigarros e nunca mais volta.
- A senhora sabe se seu marido tinha inimigos? Alguma briga recente?...
- Não... Ele sempre foi um bom marido e um ótimo pai. Todos gostavam dele.
TRÊS SEMANAS ANTES...
O homem no outro lado da mesa estava descontrolado. Era uma mistura de desespero e medo. Aquilo não podia ter acontecido... Não podia!
- O que você foi fazer?! – perguntou o homem.
- Eu achava que era ele!
- Eu disse pra tomar cuidado! Eu disse que não queria erros!
- Eu não tenho culpa! Os dois eram parecidos!
Pausa. O homem ficou sério; parecia pensar.
- Se eu fosse você, eu iria embora daqui. É a melhor coisa que você tem a fazer. Pegue suas coisas e fuja pra bem longe daqui... Eles não vão te deixar em paz.
- Isso é exagero seu...
- Eu estou falando sério! Você não sabe no que se meteu...
DIA ATUAL...
- Alô? Sim... É ela. Claro... Hoje à tarde? Tudo bem. Obrigada.
Depois de desligar o telefone, ela desabou no sofá. Há dias não dormia. Estava cansada, abatida e confusa. Onde estaria Cloud? Por que ele iria sumir?
DUAS SEMANAS ANTES...
- Alô? Eu gostaria de falar com a Sarah...
- Desculpe, não há nenhuma Sarah aqui.
- Desculpe pelo engano.
No instante em que ia desligar o telefone, percebeu que a mulher voltara a falar.
- Ahm... Sabia que você tem uma voz bonita? Tão sexy...
- É? – perguntou ele, surpreso e desconcertado. – Ahm... Obrigado...
- Sim... Sabe o que eu imaginei quando ouvi sua voz?
Cloud olhou para os lados. Sua mulher não estava em casa e o bebê estava no berço dormindo. Ele sempre fora um bom marido, um bom pai... Talvez conversar com essa mulher não fosse algo comprometedor... Afinal de contas, não estava traindo ninguém... Ele se endireitou no sofá e continuou a conversa.
- O quê?...
- ...
Meia-hora depois, Cloud estava com a calça aberta, o membro enrijecido e a mente cheia de idéias pervertidas... Quando o tom de voz da mulher mudou subitamente...
- Sei de cada passo que você dá... Sei que você tem uma mulher e um filho... Cuidado. Estamos observando você... – falou a mulher, com uma voz ameaçadora.
- Que brincadeira é essa?
Cloud ouviu um estalido do outro lado da linha. A mulher havia desligado. Olhou para as janelas em frente ao seu apartamento. Não havia ninguém. Olhou para os lados, tudo estava normal. A maioria das janelas estava fechada e não parecia ter alguém o espionando. “Deve ser alguma brincadeira...”, pensou ele.
DIA ATUAL...
- Encontramos um corpo que pela descrição, parece com o do seu marido. Poderia nos acompanhar? – perguntou o delegado.
Saíram da sala e seguiram por um longo corredor. No final havia uma porta. Abriram e desceram a escada entrando logo em seguida em um túnel subterrâneo. O lugar era frio e úmido; e terminava em uma outra porta. O delegado abriu e eles entraram numa sala branca e mórbida.
- É esse o corpo.
O delegado começava a levantar o lençol, quando ela pediu que esperasse.
- Ele tinha uma tatuagem e uma cicatriz em forma de meia-lua na perna esquerda.
Ela se aproximou e levantou o lençol, deixando a perna do cadáver à mostra.
- Não. Não é ele.
- Bom, então queira me acompanhar, por favor. Tenho mais algumas perguntas para fazer...
TRÊS DIAS ANTES...
As ruas de Melnyth estavam escuras e desertas, o chão molhado e o ar ainda fresco por causa da chuva. Cloud andava apressado e atento. Conhecia os tipos de pessoas que costumavam andar por ali. Muitas prostitutas, tarados, notívagos e vampiros. As pessoas não os percebiam, mas eles existiam por toda a cidade.
Um gato preto pulou em sua frente, fazendo com que recuasse.
- Merda! – vociferou ele, pisando em uma poça de lama.
O silêncio continuava a reinar, mas havia algo estranho. Continuou a andar e resolveu cortar caminho por um beco escuro. Minutos depois, ouviu um barulho atrás de si. Era apenas um outro gato, que subira em uma lata de lixo.
Estava quase saindo do beco, quando foi surpreendido por passos. Alguém o estava acompanhando. Olhou para trás; apenas a velha escuridão. Apressou mais ainda o passo. Faltava pouco para sair daquele beco mórbido e chegar à avenida principal, quando um vulto negro pulou em sua frente.
Ele recuou. Olhou para os lados, mas só via paredes sujas de limo. Só restava uma coisa a fazer... Mas, ao se virar para correr, um outro vulto parou. Cloud estava cercado.
DIA ATUAL...
- Descobriram alguma coisa? – perguntou ela, entrando na sala.
- Sente-se, por favor.
Susan sentou-se e o delegado a olhou seriamente.
- Seu marido não trabalhava na Ace Wine Corporation.
- Como não?
- Procuramos por Cloud Wheeler e não encontramos ninguém com esse nome.
- Não pode ser! Todos os dias ele saía dizendo que ia trabalhar!
- Pode até ser que ele fosse trabalhar. Mas, não na Ace Wine. Quais eram os horários que seu marido saía de casa?
- Não eram horários muito fixos. Às vezes ele saía pela manhã e voltava à noite, às vezes ele saía de madrugada... Mas quase sempre depois de receber alguma ligação.
- Certo... A senhora tem alguma idéia do por quê dele ter escondido isso?
- Não. Ele sempre foi um pouco misterioso, mas nunca pensei que chegasse a isso.
- Misterioso como?
DOIS DIAS ANTES...
Em algum lugar de Melnyth, Cloud estava preso em uma gaiola suspensa. Há horas gritava desesperado, mas ninguém aparecia. Olhou em volta. Aparentemente era apenas um porão abandonado. Mas havia objetos estranhos espalhados. Inclusive a própria gaiola.
Ele já tinha visto aquilo em algum lugar. Talvez em algum livro, em algum filme, ou talvez... Sim! Foi num museu. Anos atrás, quando viera para Melnyth, visitou o museu da Santa Inquisição. Agora sabia o que eram aquelas coisas esquisitas...
“Mas por que estavam ali? Por que o prenderam ali?”, pensava ele. Mas Cloud estava cansado demais para buscar respostas. Fora surrado antes de ser engaiolado. Seu corpo doía e as feridas ainda sangravam.
- Desgraçados!
DIA ATUAL...
- Descobrimos que seu marido pertence a Vampire’s Hunter, uma sociedade secreta de caçadores de vampiros. Eles são uma espécie de assassinos de aluguel que trabalham para vampiros.
- Isso é uma piada!
- Acha que eu brincaria com a senhora em uma situação dessas? – perguntou o delegado, seriamente.
Susan se recompôs. Estava diante de um delegado. Apesar de ser algo extremamente absurdo, ele não estaria brincando com ela.
- Me desculpe. Mas é que isso é uma tremenda loucura! Parece que eu enlouqueci e nem me dei conta!
- Posso entender a senhora. Mas tem mais. – continuou ele, enquanto mexia-se na cadeira – Nós descobrimos por meio de um amigo do seu marido, que ele matou um vampiro por engano. Por isso, acredito que o sumiço do seu marido seja algum tipo de vingança.
- Meu Deus! – balbuciou a mulher, empalidecendo.
- Seu marido matou o Lord Kroll... por engano.
EM ALGUM LUGAR DE MELNYTH...
Cloud ainda continuava preso na gaiola. Não sabia mais há quanto tempo estava ali. E nem acreditava que pudesse sair dali vivo. Lembrou-se do que ouvira. Realmente, nada era exagero. Ele tinha toda razão, eles não iriam deixá-lo em paz. Estava começando a se desesperar outra vez, quando viu que alguém entrava no porão. Era uma mulher.
- Quem é você? – gritou ele. – Por que me prendeu aqui? O que foi que fiz?
(silêncio)
- Você assassinou meu marido... – disse a mulher, calmamente, enquanto balançava a gaiola – Destruiu o meu clã... Nenhuma dor que você sofrer será suficiente para aplacar a minha...
A mulher parou de falar, e logo depois, três vampiros entraram no porão.
- Quero que ele sofra tanto quanto eu. – ordenou a mulher.
A mulher se retirou. Deixando que os vampiros cumprissem a sua vingança. Naquela noite, o único som ouvido no velho prostíbulo, foram os gritos e urros de dor de Cloud.
* * *
Enquanto andava de um lado para o outro, sua mente parecia em transe. Cloud já estava desaparecido há quase uma semana. O delegado não tinha pistas e ela já não sabia onde procurar. Cada vez mais, perdia as esperanças de conseguir encontrá-lo...
O telefone começou a tocar, fazendo com que voltasse.
- Susan Wheeler? – perguntou alguém, no outro lado da linha.
- Sim, é ela.
- Estamos com o seu marido.
- Cloud! O que fizeram com ele?
- Espero que venha ao Arabian Whorehouse esta noite. Acho que a vida do seu marido é de seu interesse...
O Arabian Whorehouse era um velho prostíbulo desativado que funcionava atualmente como um pub. Na hora marcada, ela chegou. Um rosto apareceu por uma fenda na porta.
- Seu nome?
- Susan Wheeler.
A porta abriu e ela entrou. Subiu uma escada de madeira, que rangia a cada passo que ela dava. Chegou a um grande salão escuro.
- Onde está meu marido? – gritou ela.
As luzes se acenderam e ela pôde ver... Eram mais ou menos uns vinte vampiros, formando um círculo ao redor dela. Todos muito brancos e vestidos de negro.
- Quem são vocês? – perguntou ela, assustada. – O que fizeram com o meu marido?
Todos continuavam calados, olhando para ela. Uma porta se abriu no fundo do salão e de lá surgiu uma mulher. Tinha os cabelos vermelhos e muito compridos, grandes olhos azuis e arrastava um longo vestido preto.
- Sou Lorelei. Sou a mulher do homem que seu marido assassinou.
- Onde está meu marido?
- Seu marido? – perguntou a mulher, passando seus dedos finos e brancos sobre o rosto de Susan - Seu marido é o infame que destruiu nosso clã! Seu marido assassinou nosso mestre!
Lorelei começou a caminhar ao redor do círculo.
- Tragam o infame.
Dois vampiros saíram e voltaram logo depois, arrastando pelo salão o corpo ensangüentado de Cloud.
- Oh! Meu Deus! O que vocês fizeram com ele?
- Apenas o que ele merecia. – respondeu Lorelei, sorrindo.
Ela se ajoelhou ao lado do corpo. Finalmente encontrara seu marido...
* * *
Susan acordou sobressaltada. Estava suada e com o coração acelerado.
- Cloud? – perguntou ela, enquanto tateava a cama, em meio à escuridão do quarto. – É você mesmo?
- Calma... Eu estou aqui. Foi só um pesadelo...
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