Cuidei-me

Senti uma dor que até então era desconhecida. Aquela mistura de angústia e impotência. Tão forte que até me dava a sensação de falta de ar. Por dias achei que não pudesse superar. Que meus olhos não fossem parar. E que meu sono não voltaria.

Sob sorrisos falsos escondi os pedaços que insistiam em se quebrar mais ainda. Tentei não me importar. Não chorar. Não pensar. Não falar. Tudo em vão. Apenas as lágrimas tinham acabado. O resto era dor intensa.

Joguei fora todos os rastros de nosso passado. Tentei sumir e não mais te ver. Nem por um único minuto. Deu certo por um tempo. Doeu quando o reencontrei. Você com ela. Mãos dadas. Sorrisos. Como antes éramos nós.

Agüentei. Pensei em mim. Nas coisas por que passei. No quanto me anulei. No quanto não vivi. Apaixonei-me por mim mesma. Mas você ainda insistia em aparecer. Nos meus sonhos. Pensamentos. Devaneios.

Até o dia em que acordei e não lembrei do seu rosto. Daquela imagem que ficou presa. Você me deixando e suas mãos ainda prendendo as minhas. Veio outro dia sem lembranças. E vários outros assim. Finalmente minha libertação. Minhas feridas se fechando. Minhas dores se perdendo.

Olho para trás e me pergunto como cheguei até aqui. Mas consegui. E já não o amo mais. Felizmente.