Estafa

Estou com saudade de quando eu era só uma estudante magrelinha de comunicação. De quando eu podia deixar o despertador tocar e faltar uma das intermináveis aulas na universidade. De quando as minhas preocupações se resumiam em conseguir entregar os trabalhos ou tirar uma nota alta nas provas. De quando eu podia ficar em casa comendo torradas com café preto, enquanto assistia Ana Maria Braga e me preparava para mais uma manhã de postagens.

Estou com saudade de pequenos prazeres que não cabem mais na minha tabela de horários. Porque a palavra responsabilidade assumiu outro significado, bem diferente da obrigação de estudar e me formar no tempo certo. Hoje ela me faz pular da cama logo cedo, por mais que meu corpo não queira, e força minha mente a criar textos nos dias mais vazios e chochos.

É a mesma que em certos dias de descontrole me deixa cansada, cheia de sono e com o estômago embrulhado. Sem querer escrever matérias, entrevistar pessoas e, muito menos, levantar da cama às seis da manhã. Ou a mesma que, em certos dias de descontrole, me deixa impotente diante de tantas pressões e desejando fugir como uma covarde.