23.11.11

Inferno astral

Eu sou uma pessoa insuportável e emotiva quando fico doente. Primeiro porque adoecer é um acontecimento muito chato, principalmente quando se tem alergia a quase tudo, e a única solução é esperar pacientemente que os sintomas amenizem. Segundo, porque os dias ficam longos demais e me sinto a própria bruxa dos contos de fadas, de tão feio que o reflexo no espelho me parece.

No começo da semana eu estava numa fila de urgência, com a cabeça explodindo, cheia de febre, dores nas articulações, com o médico sem saber exatamente qual era o meu problema, e só conseguia me perguntar como em um dia eu estava bem e no outro padecendo. Como em tão pouco tempo minha cara se tornou horrível e porque, para completar, ainda fui agraciada com uma tpm.

Bônus esse que tem me feito querer chorar praticamente o tempo todo, principalmente a cada instante que meu celular toca e descubro que é apenas o trote do Faustão ou a própria operadora me pedindo para colocar mais créditos. Ou quando vejo as olheiras fundas sob os olhos, combinando com as roupas caindo depois de alguns quilos perdidos. Ou porque meu sentimentalismo vagabundo, misturado com o sentimentalismo hormonal, apagam qualquer rastro de decência e inteligência humana.

E como se não bastassem os incidentes citados, e as reclamações mais que infantis (mas aposto que se vocês vissem meu estado concordariam totalmente com minhas afirmações), o diagramador do jornal vira para mim e diz: Você tá mais gata hoje, hein? Sem ironias doutor, mas o senhor devia ter colocado uma semana inteira nesse atestado.

Um comentário:

  1. Gostei do texto, desta frase principalmente:

    "Ou porque meu sentimentalismo vagabundo, misturado com o sentimentalismo hormonal, apagam qualquer rastro de decência e inteligência humana."

    Beijo, Charlie.

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Oi, tudo bem? :)