28.1.12

Desamores

Lembro daquele quarto, onde as tardes pareciam noites e nós dois lutávamos para não nos apaixonarmos, nos empurrando para um jogo de perdedores.

Lembro do seu riso, quando dizia que minhas calcinhas eram pequenas e as que eu considerava gigantes, eram supostamente o tamanho normal.

Lembro da sua ordem de vinte minutos e do meu estômago revirado de ansiedade, enquanto ouvia você cantando Raul Seixas, nós dois deitados no banco do carro, em plena madrugada de quarta-feira.

Lembro da espera por cada email seu, da doçura de cada palavra, do seu jeito de dizer “compreendo” ou “entendo”, e do prazer em contar os dias para te ver. Mesmo que nunca desse certo.

Lembro de todos os anos que passei te esperando, das noites que voltei para casa chorando porque não era a mim que você beijava nas festas, e da sensação de alívio quando finalmente me libertei de você.

Lembro de beijos e palavras doces numa cama que me fazia esquecer o mundo, de um sotaque que tirava o meu juízo e me fazia questionar o que realmente preciso. Porque era a primeira vez que eu finalmente amava, e me sentia pronta para ser submissa a algo que subjugava.

Lembro desses e de tantos outros (des)amores, ruins ou únicos, e lembro o mesmo sentimento em cada um. A vontade de levar adiante suplantada pelo medo, pela desconfiança e pelo fato de que nunca fui de nenhum deles de verdade. E nos poucos em que desejei ser, só consegui espatifar ainda mais o coração.

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