10.1.17

O dia em que eu me apaixonei na livraria

Na maioria das vezes que eu vou à livraria, especialmente na seção de obras para concursos públicos, o ambiente está vazio. Apenas uma mãe ou um pai na seção infantil, uns senhores lendo jornal, algum grupinho de amigas cinquentonas na cafeteria, uma pessoa ou outra dando voltas ou se divertindo com os brinquedinhos da Apple em exposição.

Até que aconteceu. Havia um rapaz todo bonitinho procurando livros de Direito. Meio sem jeito, eu perguntei se ele era um estudante ou um concurseiro. Diante da afirmativa de que ele é mais um conhecido nessa jornada das vagas públicas, tentei conversar mais um pouco. 

O cara era uma graça: olhos verdes, óculos pretos, barba farta do jeito que eu gosto e um corpo musculoso todo proporcional (nada de braços grandes e pernas finas). O problema é que, ao mesmo tempo que eu prestava atenção na beleza dele e tentava estender a conversa, vários pensamentos começaram a me atormentar.

Primeiro, eu perdi a prática nessas coisas de flertar. Meu primeiro relacionamento pós-divórcio foi com uma pessoa que eu já conhecia, então não havia espaço para esse tipo de insegurança. Além disso, não sei o tamanho do preconceito das pessoas. Vai que o cara acha esquisito eu ser uma divorciada? Segundo, eu tenho meus problemas de ansiedade. Se é desgastante para mim conviver com isso, tomar remédios e fazer acompanhamento a cada dois ou três meses, imagina me abrir e explicar essas coisas para um recém-conhecido? E terceiro, eu estou numa fase que, querendo ou não, preciso seguir sozinha. Hoje eu tenho uma rotina própria, não quero abrir mão de certas coisas e não posso perder tempo com situações que me distraiam.

Ou seja, desejei para ele boa sorte nos estudos e fui embora. Me sentindo triste pela oportunidade perdida, pois eu poderia ter dado meu número – mesmo que fosse apenas por amizade –, e por eu ainda estar presa em tantas desculpas disfarçadas de pensamentos racionais. Porque não há problema algum no fato de eu ser divorciada, meus surtos de pânico estão mais controlados e somente um concurseiro entende a rotina fechada de outro concurseiro.

Mas tudo bem! Arrependimentos e tristezas à parte, torço para que um dia eu encontre o bonitinho novamente, entre vade mecuns e manuais de direito civil. 💗

2 comentários:

  1. La, eu entendo você estar nessa fase mais introspectiva, de se encontrar. É um passo que muita gente pula depois de um relacionamento e que eu considero um dos mais importantes. Porque a gente se perde um pouco convivendo com o outro, largamos mão de um pedacinho nosso, nossas identidades às vzs se misturam. Ainda mais em um casamento.
    Mas eu torço muito para que você deixasse de lado esses pensamentos sobre o que vão pensar do fato de ser divorciada. Porque, olha, falando do outro lado, se eu tivesse um crush divorciado, acho que eu não pensaria nada. Confesso que acho filhos uma explicação mais demorada, mas divórcio? É mais um relacionamento que não deu certo como tantos outros na vida, só que dessa vez com um papel envolvido. Nehum bicho de sete cabeças.
    No mais, vivi essa vida de concurseira por 4 longos anos. É algo que só quem está nessa vida entende mesmo. Não vejo a hora de entrar aqui e você estiver contando seu sucesso em alguma prova <3.
    Beijos!

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  2. Deus te ouça, Kari!! Também não vejo a hora de compartilhar essas notícias boas :DD

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Oi, tudo bem? :)