(des)encontros

"Give me a reason to love you
Give me a reason to be a woman"

Reencontrei uma foto nossa. Nós dois, um abraço, mãos na cintura, sorriso no rosto. No fundo sempre soube que teríamos algo. Que aquele menino gordinho e estranho, da mochila vermelha e cabelo despenteado, um dia olharia para mim. Mas que engraçado, né? Eu saía de casa todos os dias naquele horário e você também. Eu estava fechando o portão e você passava por mim, de cabeça baixa e aéreo. Eu ia para as aulas no meu cursinho, você para o seu. Ficamos assim por meses e meses. Eu com a minha vidinha pacata, você com a sua.

Por alguma ironia, estávamos outra vez no mesmo lugar. Novamente nos encontrando ao acaso. Meu nome um pouco mais em cima, na parte da letra L, e você no R. Os dois desconhecidos na mesma faculdade, no mesmo curso, na mesma sala de aula. E o resto é previsível.

Eu apaixonada e você envolvido em seus livros. Eu sofrendo por dentro e você alheio a vida que queria entrar na sua. A terrível crise de ciúme, as brigas e a minha decisão de esquecer tudo e procurar outros amores.

Encontrei. E nesse momento você também me encontrou e me quis. Mas, entre desejos e beijos roubados, fiz a escolha que o cansaço queria. Um amor estável e tranquilo.

Dei-lhe adeus. E fui sofrer silenciosamente, reensinando meu coração a querer ao outro. Nos perdemos pelo meio do caminho. Eu com as minhas escolhas e você com as suas. Você era a pessoa certa na hora errada. Mas para mim, parece que todas as horas estão erradas. Nada mais será como naquela manhã. Nem mesmo as paredes laranjas existem.

Sim, talvez você leia isso. É um pouco arriscado da minha parte voltar a falar disso. Mas em alguns meses tudo vai acabar. E então serão quatro anos que fiquei aqui. Esperando.

O nosso fim.