Não dito

Foda-se você que fala-escreve-venera o amor. Eu não quero saber de corações flechados, não gosto de casais felizes, nem de textos melosos. E não gosto de gostar dele e de pensar no aconchego daquele abraço. Não quero saber do jeito como ele fala, das merdas que ele pensa ou daquele sotaque que jamais combinaria com essa terrinha sem graça. Eu detesto ele e tudo o que aquele corpo e aquele cheiro tão bom fazem comigo.

Porque eu não posso ser destinada a simples coisa qualquer, mendiga de atenção ou desesperada por seus beijos. Porque eu DETESTO saber que gosto dele. Porque eu não posso gostar dele, porque não gosto de gostar de quem não me gosta. E não aguento mais tantas indiferenças e frases entrecortadas e tantas humilhações e pseudodesprezos.

Grito e choro e me desabo por dentro, porque sou apenas uma pobre miserável, amargurada, cansada de se foder, com um puta coração remendado, cheia de feridas, com espinhos de carência, dor e revolta contra tudo que me ensinaram a ser, e tudo o que quero é ser só uma menina. A menina desejada por ele.

Dane-se.