Did you see her walking?

Às vezes fico me perguntando se as pessoas realmente prestam atenção em mim. Se percebem quando estou nervosa ou mentindo, se estou querendo pedir algo ou apenas com medo. Será que alguém percebe quando o meu sorriso é falso e o “tudo bem” esconde uma porção de tristezas?

Imagino se alguém abre a minha janela no msn e fica pensando no que falar. Ou se abre simplesmente para olhar minha foto. Também penso se alguém busca meu nome na agenda do celular e perde segundos decidindo se me liga ou não. Ou se revira a caixa de entrada e relê cada mensagem que enviei. Outras vezes me iludo achando que alguém entra no meu twitter e se dispõe a ler as bobagens que escrevi.

Num ponto mais extremo, me pergunto se alguém abre minha foto no computador e pensa “nossa, como ela é bonita” ou “estou com saudade dela”. Gostaria de saber se alguém repara nos meus detalhes. Jeito de comer, falar, andar. Minhas manias, gírias ou vícios. Qual a cor dos meus olhos e onde tenho cócegas? Será que alguém consegue reconhecer algo que escrevi? Será que alguém fica pensando onde estou ou o que estou fazendo? Ou olha para algo e diz “isso é a cara dela”.

Você sabe a minha cor favorita? O sorvete que sempre peço ou o livro que mais gosto? Já percebeu minhas marcas e cicatrizes, as nuances do meu cabelo ou o formato dos meus dentes? Sabe quando estou com raiva e mesmo assim digo que não? Aposto que nem sabe como é minha letra e muito menos se minha pressão é alta ou baixa. Outra coisa, será que alguém se importa com o significado dos meus silêncios e sumiços?

Como uma vez disse a um amigo, estou sempre “seguindo” as pessoas, mas ninguém me “segue” de volta. Acho que ninguém se esforça para descobrir quem sou. Até hoje, só vi esse mesmo amigo fazer isso, quando recortou todas as nossas conversas de msn, passeou por minhas redes sociais e fez um livro (como meu presente de aniversário) com todos os pedaços e coisas que encontrou.

Mas fora isso, nada. Não consigo lembrar de ninguém, porque sempre sou eu que faço isso. Me entrego e ponho as pessoas num patamar de importância. Noto seus detalhes e me apaixono por cada um deles. Desde uma barba malfeita a uma pinta no ombro esquerdo.

Enquanto escrevo isso, continuo imaginando se alguém realmente me notará algum dia. E nem precisa aparecer com tulipas vermelhas ou barras de chocolate amargo. Nem com canetas coloridas ou quadrinhos do Snoopy. Apenas apareça e me diga que você existe.

E mais ainda, que eu existo para você.