Coração comprimido

No comecinho do ano estava lendo Súplicas Atendidas, do Truman Capote, quando senti uma mistura de ansiedade e pânico absurdos. Minutos depois, entrei na internet e descobri que um dos meus melhores amigos havia cometido suicídio.

Quando minha tia viajou para Belo Horizonte, anos atrás, senti um calafrio ao ver uma reportagem na televisão sobre acidentes de carro nas estradas. Resultado: minha tia se envolveu numa batida feia e só muitos dias depois, contou para a família.

Mas ontem, enquanto tomava banho, senti outra vez um aperto no coração. Primeiro eu soube que mais um funcionário foi demitido do jornal. De acordo com as minhas contas, de maio para cá foram sete pessoas sem emprego. E isso é o tipo de coisa que me deixa abalada e completamente insegura. Ou seja, perdi o ânimo para o final de semana.

Depois não consegui dormir direito ao saber que minha tia voltaria de viagem durante a madrugada. Sei lá, me bateu um medo estranho e sonhei com acidentes e pessoas ensangüentadas. E com a notícia de que o avião em que ela estava caiu.

Não obstante, fiquei com o coração pequenininho por ter que contrariar uma vontade do moço. Eu tenho essa mania de querer agradar o tempo todo e quando preciso dizer ‘não’ para alguém, sinto um peso na alma. Principalmente se no passado experimentei respostas bem dolorosas.

Para o meu consolo, minha tia chegou bem em casa e a receita de Chico Balanceado que resolvi fazer, para espantar os sentimentos ruins, parece ter ficado uma delícia.