Antes de dizer adeus

Esse foi o ano em que mais li e comprei livros. Foi o ano em que deixei de ser uma simples estudante, para me tornar uma profissional. Foi o ano em que mais pronunciei a combinação “vou comprar” e o ano em que, pela primeira vez, aceitei ter um cartão de crédito.

Esse foi o ano em que menos me envolvi e onde meu coração mais tempo ficou vazio. Por outro lado, foi o ano em que conheci alguém rabugento, mas admirável o bastante para conseguir arrombar minhas trancas e me fazer baixar a guarda.

Esse foi o ano em que descobri o sentido mais forte da palavra paixão e onde aceitei que “gostar de sexo” não é nenhum crime. Principalmente com alguém que te acende os desejos e preenche muito mais do que uma mera parte do corpo.

Esse foi o ano em que recebi meu primeiro salário decente, principalmente se comparado ao tanto das horas trabalhadas como bolsista ou estagiária. Também foi o ano em que conheci a miséria de perto, entrei em favelas e esbarrei em cachorros sarnentos.

Esse foi o ano em que mais fotografei e onde menos escrevi sobre amor e fantasias da minha cabeça. Foi o ano em que mais tirei tempo para cuidar de mim mesma e onde finalmente entendi que ser feminina não significa me tornar fútil ou menos inteligente.

Esse foi um ano de transição, de aprendizado e muitos tombos. Foi o ano em que mais caminhei sozinha, chorei horrores, questionei o mundo e por diversas vezes me desesperei com o destino. Foi um ano duro, complexo e intenso. Mas que termina deixando saudade.