Sumiços e respiros

De tempos em tempos, costumo sumir um pouco da internet. É como se eu precisasse sair de uma sala lotada e barulhenta, trancar a porta atrás de mim e respirar o silêncio. Para quem não me conhece o suficiente e não está acostumado com essas minhas escapadas, o motivo dos meus sumiços poderia ser uma decepção amorosa ou alguma recaída depressiva.

Mas não sejamos tão dramáticos assim.

Atualmente, por exemplo, estou no meio de um desses sumiços. No final do ano, mais especificamente no réveillon, tive que ficar sozinha em casa com a minha irmã mais nova – uma pessoa especial que nasceu com síndrome de down e me ensinou bastante sobre respeito e tolerância – enquanto minha mãe viajava outra vez. Nesse dia eu realmente estava deprimida, depois de ter passado por um ano infeliz e cansativo, então decidi que não entraria em redes sociais por uns dias. Sei lá, não queria ficar ainda mais triste olhando as fotos de gente aparentemente feliz e se divertindo, escrevendo #gratidão e #vem2020.

Logo em seguida, tive vários imprevistos na minha rotina que acabaram sendo gatilhos para o estresse. Somado a isso, fiquei com preguiça de responder as mensagens acumuladas (me desculpem), vontade zero de socializar, sentimento de tédio com o instagram, tpm, bloqueio criativo para fotografar (esse ainda não passou e acho todas as fotos na galeria do celular péssimas). 

E aqui estamos. Permaneço ausente, lendo bastante com o tempo que antes eu perdia dando likes no instagram, continuo sem postar uma única foto (inclusive ninguém viu que me enchi de glitter e fui numa festa com tema de carnaval), e confirmando algo que eu já tinha percebido ao longo da vida: às vezes a solidão incomoda, mas é a companhia que melhor entende uma pessoa introvertida.