Depois que assisti A Verdade Nua e Crua, tentei colocar em prática todas as dicas bobas que havia visto. Conheci um cara meio ao acaso, declamei as falas e ri como uma menina vazia. Alguns dias assim, e eu cansei.
Rasguei o disfarce e mostrei a garota inteligente que passou a infância escrevendo roteiros e peças de teatro. A garota que lia demais e a mesma que passava os finais de semana em casa. A que abdicou de uma adolescência normal porque se sentia na responsabilidade de ajudar a criar a irmã mais nova. A que não vai em festas, não perde noite, não fuma, nem bebe. A garota ousada que finge pensar em sexo como algo qualquer, mas que no fundo é uma das coisas mais bonitas e sagradas em que acredita. A que quase nunca recebe amigos em casa, que mal recebe telefonemas, que briga com o espelho apesar de dedicar tanto tempo a observá-lo. A mesma que se interessou por uma fita cassete do Raul Seixas e chorou quando descobriu que ele não era mais vivo. A garota que gostava de Bob Dylan, mas acreditava que ele estava morto. A que coleciona canetas coloridas e papéis de rascunho. A que é alérgica a bichos de pelúcia, romântica não assumida, viciada em doces. A garota que não é boa em matemática, chutou a prova de física no vestibular e que se interessa pelas pessoas erradas, sempre problemáticas e conturbadas. A que sofre com suas crises, que não gosta de fazer planos e faz besteiras por ser impulsiva. A que joga The Sims pelo simples desejo de ser feliz com alguém e que opta pelo silêncio como forma de não se envolver. A mesma garota que se veste em segurança, para esconder a dor de um ego frágil e ferido. A que suspira com as melodias do Stereophonics e tem pilhas de discos não conhecidos pela maioria. A que não diz suas distrações, que não fala que gosta de cinema, que come um prato de brigadeiro de uma vez só, que gosta de noites estreladas e sonha dançar com alguém. E a mesma garota que é fácil de gostar e querer perto, quando assume suas fraquezas e se mostra por completo.
Depois que esqueci essas baboseiras do cinema e esses conceitos de mulher-objeto, a relação com o tal cara mudou. Mas, ironicamente, ele se apaixonou quando eu já estava de partida. E indo ao encontro de alguém que percebeu, antes mesmo de qualquer palavra dita, a tentação escondida sob tantos disfarces.
Se esconder através de disfarces,máscaras ou 'armaduras' se tornou normal,é algo que faço também,mas que me arrependo em alguns casos...
ResponderExcluirBeijos
Esses amores pelo meio deixam pegadas. Doi quando o amor vem tarde demais, ah...quebrado estou, estamos?
ResponderExcluirCharlie B.
Ps. Vi esse filme, ri demais.